Em meio a alma empoeirada, eis o bolso exposto, a sentir.

31 de mar. de 2009

Vontade

E da janela, o escuro...
nada mais remetente do que o preto
e seus tons.
Acho que a chuva traz um pouco desse mórbido sentir
o velho mal desse sentir,
e procuro você mesmo cego.
E por que essa chuva não me traz teu mapa?
ou que o caminho seja perene,
que não haja labirinto ou precipício
só o céu?
Que ela retorne à sua 'origem',
que não caia, mas suba e vôe
me eleve e me conceda asa, flor do vento
leve...
O peso não deixa, me enterra.
Consegue profundezas
e eu, menino
fujo de qualquer movimento aparente,
fujo de mim, do meu querer.
Planto meu escudo, monto minha guarda
e espero.
Espero meu amanhã, espero a manhã,
espero ser pintado com canções, em canções
e jurei, juro
encontrar um lugar lá fora
onde meus desenhos sejam reais.

24 de mar. de 2009

Você em eco...

E se eu tenho o dom de sintonizar as palavras...
É bem capaz de tê-las roubado de ti, em cada silêncio ou movimento falante que assisto. Elas emanam em sua composição típica, banhadas por seus trejeitos.
E como não terias habilidade?
Se delas eu ouço tua entonação vermelha e perspicaz, tocante,
heróica e singela. Como não achar que elas te promovem em
ciranda, entre passos lentos , em um monumento eregido de fáceis e doces dizeres. Como?
A sintonia que me acompanha só vive por tua arte moldada e
de renascença, palavras estas sopradas em cânticos [in]imagináveis
à despontar sua aparição formosa e límpida posta em cintilância e
incandescência...
Elas circundam, dobram à todos e me atingem, única.
E eu, mero papel antigo amarelo, em branco, meu caro
à espera da vinda destas em ti, de ti, matiz, percorrendo-me pausadamente
com sentimentalidades diversas contidas em cada letra que me promove viva e
cheia das riquezas raras (Elas brincam de encher, conseguem o que você quer e tatuam, impregnantes).
Suas simplicidades e delicadezas expostas, expalhadas em mim formando meu corpo,
agora sim, forte e vistoso, completo, escrito.
E terias como não encontrar as palavras?
Pare e observe, olhe para mim
você as construiu!


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14 de mar. de 2009

Eu me chamo 'Acaso...

No ecorregar dos pensamentos frígidos
e em minha calvagadura a lira é contemplada
regida por máximas e poucos
minhas vertentes...
O balancear nem sempre vence a batalha
talvez nada tem seu meio termo mesmo.
Ou quem sabe quando se trata dessa pugna
o volúvel então acho que é bem mais interessante.
À qualquer jogo feito, não se iluda
é dele o baralho, pôr-se as ordens do caudilho
tal lema persegue.
E nada mais é o que resta,
ou quem sabe o notar de algum colorido
e recordação...
Vale o lograr em alguns casos.
A vulnerabilidade é válida em partes,
em formas que ele sugere e força à sorrir,
na verdade é extinto de sobrevivência, de vivência.
E nós, meros fantoches alados
em busca do céu
presos pela gaiola invisível.



(Dedicado à Larissa Di Leo e Cláudio Martins)


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11 de mar. de 2009

Eclipse

Eu nasci ali...
E era como ver florir no asfalto os lírios, uma nascente no meio de tanto mato e pó, e um diferencial, transformando meia noite em meia dia.
Foram curvas e os atalhos que facilitaram a dificuldade que tinha, os lagos cheios de lama aparentemente azuis foram à priori um manto que cobria e de certo trazia uma ligeira calmaria, mas era instantânea e melhor (agora o posso afirmar) perecível. A validade destes era como o embaçar da estrada adiante, vinha sempre e eu sabia, sempre sabia. O inusitado não cabia mais, era muito, era pouco.
E na sutileza, no grampear dos passos e na retina muitas vezes retida eis que se dilata e bem-vinda nobre claridade.
Como quem invade um jardim de tulipas e cravos, fui...
Entre dedos e cuidados, a passagem sugeria isso realmente, minha ida/vinda, minha chegada com cautela. E a vida nova começou ali, no fim daquele corredor, eis que surge...
O vento me acompanhava e o cheiro também, era feiticeiro e bandido ao mesmo tempo, o garoto.
Ele soprava acordes em voz, cantarolava minha respiração e contava-me os segredos de sua existência, seus encantos e feitiços de sua aparição desejada à anos-luz mas ‘adormecida’, e a fúria quando aparecera foi substanciosa e forte, não houve hesitação, pelo contrário, a vontade aumentava à cada batimento de seu coração escutado em sua sinfonia exposta à mim, sua única platéia. E eu, estática ali, escutando o maior alvitre à se declamar defronte de uma sonhadora as avessas, uma mortal com fantasias infantis e o leve prever de torná-los reais, agora.
Realidade foi esta, exatamente esta, o divisor de águas nessa passagem toda, e ai criaram-se o ciclo, a mão e a pena, leve, leve...
O branco era a cor que soprava melhor, juntamente com o azul celeste, vindos da janelinha que nos observava e anotava tal feito, um eclipse promovido pelo tal astro maior, de luz própria e fascinação duradoura, demorada, fatal.
Eis a fusão promovida pelo tempo e seus encarregados, a conjuntura mais harmoniosa vista, um topázio, uma raridade


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7 de mar. de 2009

Rota de colisão

Roda a roda
E com ela meu penar
Pena viva e morta em cada ‘eu’ que busco
Busca mais que incessante, busca notória de ser eu
O eu que busco por dias, no espaço.
E chove, uma chuva levante, braço,
carrega...
Vou e fui por vezes assim.
Um mero barquinho sem prumo e cais
E o amanhã pode ser o fim
Ou o começo? Hoje talvez...
Gostar é forte, mas eu admiro, deleito-me enfim
E resta algo à mais? Aproveite-me, diz meu dia
E assim o fiz, faço!
E se é o que me resta, residir em cada segundo e tempo
Amar a cor do céu e degustá-la, saber seu sabor
fomentar mais e mais, sede incandescente de um pescador
um admirador transitivo ou qualquer outra coisa
eu me reservo a isso, a apenas tudo isso.
Se quiser me acompanhar vai aqui minha admoestação:
Siga-me, mas cuidado!
Linhas tortas à vista...


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3 de mar. de 2009

A unicidade

'E os dias persistem de forma incomum...
é sempre bom esse cinema mudo, essa esfera polida, o dom da cuida e a insanidade posta à mesa por vezes e vezes.
poderia então sermos dois?
'menos' é mais plausível, o 'um' nos cabe muito bem!


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2 de mar. de 2009

Cidade Natal

'Entre cheiros e sabores adocicados, mar de girassóis, lembranças do que ainda não se viveu, conchas no ouvido, calmaria como numa lagoa abandonada, uma cidade pouco tênue, era a fortaleza antes não vista pelos óculos escuros embaçados. Os habitantes pertecentes vistam a miragem real pelos olhos nus que mora só ali, com a ventura de ter transformado perdas em recompensas inimagináveis e afortunadas de um lindo e contemplável céu, presente estético perfeito e delicado(a vontade de permanecer ali é perene e não cessa e preocupação inexiste...).E a tarde faz silêncio, mas é a melhor hora onde se escuta, a noite isso acontece também, mas o vento ajuda um pouco. E quando os sintomas de saudade (muito comum naquela localidade) se faz presente, basta o silêncio, o 'abrir da janela' que de certo ameniza...
O réveillon acontece , por vezes, em um pouco de um tudo, mas primordialmente quando elas movem-se em uma direção ou na direção um da outra, e ali inexiste tempo e espaço (criadoras ou rematadoras da lei da relatividade? pobre Einstein...)e ai começa e continua a dança, com direito à blues e bossa nova ou outro novo estilo re- inventado, o que permanece é sempre ela, a dança e sua leveza. Uma nobre poesia visual faz e se refaz no local.
É, correram pra chegar bem longe e daqui do longe é doce a temporada das cores,a conjunção exata de luz, paz e encantamento...
a garota carrega com ela uma flor, a sua herança
e ela, a outra garota, às regam!