Em meio a alma empoeirada, eis o bolso exposto, a sentir.

27 de mar. de 2010

Rebate


'...tecerei algo crítico mas não de modo a te subjulgar, mas para enaltecer tão divina forma e aúrea, que és uma mistura de tantos gostos que me facinou quase que imediato.
Mistura astuta de sabores e cores que se confundem em uma invisibilidade e sabores nunca vistos que instiga aquele que está do outro lado a querer enchergar...
(sei que o pó de morfeu cega teus olhos).
Então deixarei tu te reconfortar em teu leito e pensar que esqueci completamente da foto ao lado das palavras e que há muito tempo não me senti interressado por conhecer uma pessoa...por apenas palavras...
e levarei comigo e consigo a lembrança visitada em todos os minutos das sinceras palavras que me dizes e que julgas soltas, e farei morada no meu esconderijo, junto aos meus açúcares, junto ao meu café.'



Dedico aos momentos de pura sinceridade com o lado de lá, aqueles minutos gastos prazerosamente.

18 de mar. de 2010

Inevitável



Sabe o que mais me incomoda? É não ver de novo a saudade do lado...
É dar o corpo a torcer, incrivelmente não poder mais.
Sutilmente as escolhas foram feitas e a confusão do trânsito se aloja em nossas mãos. O que fazer de fato? Acho que não é só a mim que o ‘esperar’ visita.
Cansei de estender a mão primeiro e de imaginar que a minha presença é mais importante que eu mesma.
E eu mesma? Posso tão facilmente ser confundida por vazio ou por inexistência?
Acho que só solidificas qualquer esperança vista pela porta, e manifestas a vontade de caminhar só, de autosaciar, de solfejar...
É minhas notas estão por ai, a música nunca mais tocou, um barco sem leme. Um disco...
Riscado, na estante... quem sabe um dia funcione.
Ela me acompanha todos os dias, é invasiva não tem jeito...
Vem sempre comigo, não como sinônimo de esperança, ela apenas preenche a lacuna.
Esta lacuna que modela e sustem algo, que ainda nem sei o nome, mas que se regenera cada dia em um tom diferente, seja de falta, de angustia, ou de interrogação.
Se eu consigo viver? Acho que sim, tenho que conseguir... Essa espera fez e faz parte de mim, me “completa” vazia, me sacia oca, me sustem fraca...
Se ela vai embora? Acho que não, bem provável que não.Talvez nunca...
Talvez ela nem queira ir, ou talvez ela nem queira ao menos chegar.
E, claro, o buraco que abarca todos eles, o choro, a porta, o canto, o tapete, o livro e o café, estão aqui, iluminando o que ainda não se pode ver.