Em meio a alma empoeirada, eis o bolso exposto, a sentir.

12 de nov. de 2010

Seu azul .


Se nem você mesmo se entende como exigir isto dos outros?
Não, é até meio inconciso e incompreensível da sua parte e não da dele...
Hoje de fato não é um dia bom, o sol se pôs mais cedo e a lua não apareceu para tentar aquecer o meu congelar.
Nada do que possa ser realmente carinhoso consegue acalentar isso que se veste, sem querer, mas que denuncia tamanha vontade de um abismo e rede de amparo. Aquela vista mista de algodão e lambidas doces no rosto, cantores em nós, melodias sem letras e sermos enfim canção.
O que de fato modifica e leva àquele leve sorriso no canto da boca, singelo...
O dia, por vezes, era ali e só ali e tudo era nada diante de todo esse laço, abraço.
Os tempos que se foram estacionaram, me vêem à tona e dilacera, de sorrisos e lágrimas os minutos à sós em que só pertenciam à nós, eles só tinham gosto e cheiro aqui.
E agora, são memórias...
São momentos expansivos e me tomam como a uma onda de emoções inconstantes de um mar de coisas e detalhes que sempre fizeram toda diferença, era nossa diferença de viver.
Como gosto disso, e nem tanto.
Sei que descansas, mas que permaneces viva aqui, nesse teu lado do cubo roubado e pintado de azul.

6 de out. de 2010

Mais, muito mais...



Somar...
Me estranha ainda o fato de não se saber de fato o que tal palavra significa.
Não questiono seus anos cansativos de matemática, aqueles minutos gastos, consumidos de uma manhã ou tarde quando se é criança, ou até mais do que isso.
Não, a alma quer lugar aqui.
Coloquei, por vezes, meus vividos pensamentos afora e tentando organizá-los com minhas próprias mãos, pegando outras mais tantas mãos, e no máximo que via era um quebra-cabeças, tanto para tão pouco, muito pouco para um querer mais.
Nada do que eu digo é concreto meu querido. Na verdade, nada que saia dessa mente que mais parecia um liquidificador era de real fundamento, essencial.
Minha água por vezes secou, nem no outro dia, mas no mesmo instante e isso não parecia notório, convincente o suficiente para a mudança, ou quem sabe, o querer apenas.
E tantos pensam assim, ou talvez nem pensam...
Minha cidade estava preparada, desde sempre. Mas nada de bondes ou quem sabe um trêm que me fizesse mudar o trilho, o moinho, a exatidão.
Vi tantos pés tomarem a frente de tudo... É bem comum isso, não?
O conformismo é bem comum também.
Quantas vezes me afoguei em uma piscina? E quantas vezes ela nem ao menos molhou minha boca?
Dai percebo que meu corpo é violão, é flauta, é instrumento...
E a subtração invisível pode dar lugar ao somar, no seu sentido literal e figurado, em todo seu sentido e em todos os outros também.
A cidade ficou mais perto, consigo assim matar a sede e principalmente, o somar se resume a servir.



"De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: com amor eterno eu te amei; por isso com benignidade te atraí. – Jeremias 31:3'

15 de ago. de 2010

Lápis de cor


Considero este caminho, o vejo como parte, definitivamente.
Estando eu a caminho dele, não fui um passo a frente do que deveria. Congelo meu andar com um ar de diretor e [me]projeto.
Pode ser até que as flores me acompanharam, os rios me saciaram a sede, mas o sol esquenta demais...
Em uma câmara escura, decifro o filme que roda em segundos, meus passos soltos, define mochila de alpinista, cheia, pesada, buscando o cume, o alto e admirar.
Talvez o sol nem queira me queimar tanto, talvez queira ser meu amigo mesmo. Minha mochila anda cheia da falta de objetos, de claridade. O sol percebeu isso, quer chamar minha emoção.
A lua me empresta seu tapete e os tons sombrios em volta me aconchega, no entanto, o descanso ela não me concede. Os sonhos me visitam e vejo minha bicicleta de quando eu tinha uns 10 anos, ela realmente trilhava o que hoje eu não consigo sozinho.
Infelizmente ela não está aqui e se tivesse, ahhh, desaprendi com tanta facilidade a andar imagina pedalar, meu espaço de equilíbrio ficou guardado por ai...
O que está aqui, enfim?
Meus dedos e seus calos, meus livros e um chá morno em cima da mesa, meus pensamentos,a famosa voz de ouro embaçada pelo tempo, meus sonhos, meus caminhos, meu lápis em fila, a espera do apontador.
Renovar?
Como você me pede isso?
Os sapatos estão apertados, eu sei, sinto muito isso, é...eu sinto muito.
Minha mortalidade demonstra tudo, nem ao menos sei sentir meu perfume, ou fazer um café para visita.
Entenda, o que eu quero é somente os lápis.
Todos eles com todas suas cores, aqui de volta.


Dedico a vida do viajante, ao caminho dele, e ainda a nossa homogeneidade de acontecidos.

26 de jul. de 2010

Passeando



Não sei se vou ser de novo mais o que eu era. Estrada, folhas, sumindo...
Soube ontem que é dia, de noite eu relembro as cores e moldo a escuridão com vazio que ainda vejo.
Sinto saudades sabe? De pensar em nada e admirar os desenhos do céu.
Simplesmente ver que não há nada, fator ou que possa puxar a liberdade para o racional, e que o sentido dela não é limitado, é apenas céu azul (sempre).
Quando somos crianças tudo é infinito e tudo pode ser real, tudo é de verdade, nada (nada mesmo) é consumível o bastante, tudo é possível.
Talvez a morte tenha chegado mesmo, talvez a gente vegete todo dia ainda por cima com o auxilio desse aparelho chamado ‘limite’ onde, é claro, não se tem opção; onde só se tem essa opção. E é como um balanço essa balança... Uma hora, você pára.
Satisfação se substitui por acomodação ou aceitação mesmo. No entanto, ainda tem ar, ainda se respira, nem com tanta vontade assim. Acho que meu pulmão era mais vivo, mas quando tinha uns 12 anos...
O que até então era continuação, projeção, passa à repetição, disco riscado.Pulmão ofegante? Dê-me o significado. Desconheço...
Incredulidade póstuma desse respirar em busca de mais oxigênio no vento, no armário, em mim. Mobília pedindo um jarro com lírios encantantes e um pouco do frescor da primavera. Constância amarga e rua longíngua, sem curvas, sem ao menos buracos, sem pedra. Quero a artéria inquieta, o olhar instigado e compenetrado, o tremer depois do susto.
Colorir o que já está tão cinza, borrar com inocência e coragem as horas com, somente, seus contornos.
Experimentar gostos lacrados...Ahh, o prazer de experimentar.
Passear nas esquinas e avenidas de qualquer imaginação, sentir saudade do futuro (senti-lo). Cuspir o ar em uma corrida sem destino e comer sem se preocupar com a fome, amamentar sem se preocupar em crescer. Abraçar o tempo e aquecer-me.
Tempo esse que pode ser brincadeira, tempo que é divertimento, brinquedo... Pular em suas frações com vontade de mais, correr em suas passadas com sorrisos e luzes, passeando... Só passeando comigo mesmo, onde me vejo companhia.
E com as nuvens montar tudo de novo, os cavalos, as casas, os sonhos, todos eles, novamente... E principalmente, acreditar.
Acreditar que ainda pode existir um momento infinitamente subjetivo, supra-surreal, novo, onde eu volte aos meus novos 12 anos.


Dedico ao poeta que , assim como eu, não queria pintar os cabelos...

21 de jul. de 2010

Com pinceladas


Papel em branco...
Existe algo mais vazio do que isto?
Como um dia me ensinaram, é tão bom quando a gente olha o dia nascer e percebe que tudo vai muito além de um céu cinza não tardando a dar lugar à um cair de gotas vestidas de confetes num dia de segunda. É, se você tem uma viola e sabe tocar, meus parabéns.
Vejo no branco algo sinônimo a bandas de tonalidades ímpares ou pares, mas cor. Não consigo deixar de imaginar que ainda existe esvaziar ou vazio num livro preste ao desenho.
Com toda certeza me dizes isso por não saber o que é amor, ou amizade. Não julgas os teus sentidos, mas tuas mãos, tua razão, negação.
Sente o cheiro de novo? eu sinto.
Escute, perceba o tom de dó, começando a melodia na oitava com ar de convite no entrar da porta da sala.
Veja meu caro, veja, por favor.
Se não bastar, me empreste sua aquarela guardada que eu te mostro o que é fazer arte no raiar do dia.

18 de jun. de 2010

Lembranças


De repente me deparei que meu jogo era aqui dentro e que eu nem mesmo jogava, apenas assistia.
Nada fica parado no lugar, tudo se movendo pra encontrar
talvez aquilo que nem saiba ao certo,cansada talvez disso temporiamente me deparo com quem não busquei e Reencontro você dentro de um livro antigo.
Minhas antigas verdades viram mentiras, construo uma idéia impensada e tudo muda, como o sol em lua...
Meu liquidificador dilacera e mistura todos os sentimentos antes solidificados em meu quarto.
Já não sei de onde vens, mas existe de tão forte e lembrança.
Ahhh se eu pudesse ao menos beijar com os olhos que não te vêem de tão nebuloso e cego, nossas intimidades vivas em despontar de nossas peles em transe e em órbita que hoje não passam de penas soltas no vento lá fora.
Um milagre novo por segundo era reveillon a cada instante debaixo da chuva que contemplava com seu véu, durante a negritude de uma madrugada qualquer de novembro.
Tanta novidade era comum em um mundo sobrenatural e [in]diferente.
Satisfazer cada pêlo que se movia ao compasso da dança que soava com a ajuda da água que pincelava o chão ao redor.
Conseguia apenas dar significado à tudo que era preto e branco, e colocar mais luz no sol...
A realidade era apenas final de linha, nem queriamos chegar lá mesmo, não importava. O que era de real interesse, de incomum, era a rede a esperar em mais uma tarde, o embalar dos braços entrelaçados que firmava a idéia do elo e o sol se deitava com a gente.
Não existem frações, nem ao menos pedaços, existiam inteiros, apenas um.
Aqui, no final da linha, a claridade se traduz: Meu livro era eu, meus sentimentos estão por aqui. Ainda existe um sofá e a aquela lareira com a lenha que conseguiamos todos os dias.
Contemplar a nossas contelações sempre foi ser a melhor vista.

Meu eu-lírico emprestado...

17 de abr. de 2010

Notas harmônicas


São tantos as notas...
Por que mesmo que inventam músicas se elas estão tão vivas por ai, talvez só querem avivar algo que se esconde ou que não se vê.
Hoje eu acordei, e vi que o pássaro enxerga mais do que eu. Escutei que os homens são movidos por focos e não (mais) por paisagem. Previ que o futuro assusta mais que a infelicidade.
Desde quando o modo de se ver pode ser relacionado com tempo? Ou ainda, como algo pode ser tão simples e chamativo que chega a ficar atrás da árvore?
São tantas as notas..
Escondidas...
Uma vez me disseram que nas entre-linhas há muito mais do que duas ou mais frases óbvias e que desembaçar os óculos escuros faz a vista se aguçar. Comprovei...
Há tantos caminhos de idéias, tantos escombros a volta disso tudo, ou quem sabe, tanta falta de sentido[na verdade, falta de um deles] que o que era veludo vira atrito, vira asfalto com tanta veemencia.
Não consigo imaginar que a sensibilidade é facilmente trocada, na verdade não aceito acreditar que pode ser trocada por comum, por diário, por meio-dia.
Tudo é relativo, ahh... Nessas horas que Einsten deveria ter ficado calado.
Pelo menos nesse ponto. Como não assemelhar a vida a uma rosa, com perfume e espinhos presentes em um percurso de provas e êxtase. Como não apreciar e fantasiar, sensibilizar? Como não querer que isso seja filmado por nossos olhos embaçados pela combustão diária?
E poder ver que não se refere a relatividade e sim, a ângulo.
À apenas ângulo...
Quer ver? Se coloque em cima de uma cadeira e observe o já visto, verás que falo com toda razão.

27 de mar. de 2010

Rebate


'...tecerei algo crítico mas não de modo a te subjulgar, mas para enaltecer tão divina forma e aúrea, que és uma mistura de tantos gostos que me facinou quase que imediato.
Mistura astuta de sabores e cores que se confundem em uma invisibilidade e sabores nunca vistos que instiga aquele que está do outro lado a querer enchergar...
(sei que o pó de morfeu cega teus olhos).
Então deixarei tu te reconfortar em teu leito e pensar que esqueci completamente da foto ao lado das palavras e que há muito tempo não me senti interressado por conhecer uma pessoa...por apenas palavras...
e levarei comigo e consigo a lembrança visitada em todos os minutos das sinceras palavras que me dizes e que julgas soltas, e farei morada no meu esconderijo, junto aos meus açúcares, junto ao meu café.'



Dedico aos momentos de pura sinceridade com o lado de lá, aqueles minutos gastos prazerosamente.

18 de mar. de 2010

Inevitável



Sabe o que mais me incomoda? É não ver de novo a saudade do lado...
É dar o corpo a torcer, incrivelmente não poder mais.
Sutilmente as escolhas foram feitas e a confusão do trânsito se aloja em nossas mãos. O que fazer de fato? Acho que não é só a mim que o ‘esperar’ visita.
Cansei de estender a mão primeiro e de imaginar que a minha presença é mais importante que eu mesma.
E eu mesma? Posso tão facilmente ser confundida por vazio ou por inexistência?
Acho que só solidificas qualquer esperança vista pela porta, e manifestas a vontade de caminhar só, de autosaciar, de solfejar...
É minhas notas estão por ai, a música nunca mais tocou, um barco sem leme. Um disco...
Riscado, na estante... quem sabe um dia funcione.
Ela me acompanha todos os dias, é invasiva não tem jeito...
Vem sempre comigo, não como sinônimo de esperança, ela apenas preenche a lacuna.
Esta lacuna que modela e sustem algo, que ainda nem sei o nome, mas que se regenera cada dia em um tom diferente, seja de falta, de angustia, ou de interrogação.
Se eu consigo viver? Acho que sim, tenho que conseguir... Essa espera fez e faz parte de mim, me “completa” vazia, me sacia oca, me sustem fraca...
Se ela vai embora? Acho que não, bem provável que não.Talvez nunca...
Talvez ela nem queira ir, ou talvez ela nem queira ao menos chegar.
E, claro, o buraco que abarca todos eles, o choro, a porta, o canto, o tapete, o livro e o café, estão aqui, iluminando o que ainda não se pode ver.