Em meio a alma empoeirada, eis o bolso exposto, a sentir.

30 de abr. de 2011

Câmara escura



Acho engraçado, ou até mesmo estranho. Como pode apenas quatro linhas ligadas dizer tanto ?
Da minha caixinha lateral, minha janela observo tanto e tão pouco...É como se o sol quizesse tudo mostrar e a lua quizesse esconder. Vejo multidão, rua e suas curvas, confusão
É inquietante saber(ou não), tal como eu, há muitos que da janela observam, o que? Talvez uma oportunidade, um anseio, um desejo reprimido [comprimido, pelo tempo]?
Talvez nem seja tão engraçado assim...
É simples como um não sei.
Concordo até que somos instrumento, ou melodia exposta. Mas de onde vem as notas, ou melhor por que não as notas dissonantes ?
Eu me retraio ao imaginar o quanto há detrás dessa janela, essa caixinha tão maior do que meus olhos embaçados de chuva e neblina. Não contento, meu intento, recolho-me com uma leve ansia.
À espera de resposta, que nunca cheguem, sigo, o que há atrás do que não vejo?
ou espero o sol, para abrilhantar o que imagino ?
O que desperta esse olhar que atravessa a janela, que espreita cada singelo movimento
O frescor das estrelas, talvez, tragam mais conforto.
Em meio a escuridão de pensamentos soltos, tento, com ajuda delas, ligar-los.
Elas, de fato, me confortam. Mas instigam ao mesmo tempo.
E cá estou de volta, sempre de volta, volto, ao ponto de partida.
Uma à uma, construo uma cadeia (que de início desconexa)... fazem algum sentido, embora turvo.
E que o caminho, que agora se denserola, mesmo estranho, leve-me ao que anseio, mas senão que uma nova descoberta, amenize estas embriagadas sensações de conhecer.
Esse caminho novo, que tem feições antigas, o que me encoraja e conforta.
Tenho a estranha sensação de que alguém me acompanha.
Sinto o vento aqui.
Sinto o abraçar do dia que chega, com ele um tapete de luz...
Não sei se as idéias começam a clarear, mas tudo parece mais brando... mais palpável.
Se é fato que com três linhas eu poderia construir um triângulo, estável... tranquilo.
Mas insisto em querer decifrar as quatro linhas.
Mesmo não sendo agora, hoje.
Pode ser daqui a pouco, ou quem sabe nunca.
Quatro possibiliades? quatro caminhos? quatro...
De volta ao quarto.
São quatro e nenhum, delicioso contraponto de se somar e não se ter.


Ao contraponto de todos os dias, ao sempre e insistente congelar e moldar de pensamentos contrários. Obrigada !

Um comentário:

Mais alguns minutos expostos...