Em meio a alma empoeirada, eis o bolso exposto, a sentir.

26 de jul. de 2010

Passeando



Não sei se vou ser de novo mais o que eu era. Estrada, folhas, sumindo...
Soube ontem que é dia, de noite eu relembro as cores e moldo a escuridão com vazio que ainda vejo.
Sinto saudades sabe? De pensar em nada e admirar os desenhos do céu.
Simplesmente ver que não há nada, fator ou que possa puxar a liberdade para o racional, e que o sentido dela não é limitado, é apenas céu azul (sempre).
Quando somos crianças tudo é infinito e tudo pode ser real, tudo é de verdade, nada (nada mesmo) é consumível o bastante, tudo é possível.
Talvez a morte tenha chegado mesmo, talvez a gente vegete todo dia ainda por cima com o auxilio desse aparelho chamado ‘limite’ onde, é claro, não se tem opção; onde só se tem essa opção. E é como um balanço essa balança... Uma hora, você pára.
Satisfação se substitui por acomodação ou aceitação mesmo. No entanto, ainda tem ar, ainda se respira, nem com tanta vontade assim. Acho que meu pulmão era mais vivo, mas quando tinha uns 12 anos...
O que até então era continuação, projeção, passa à repetição, disco riscado.Pulmão ofegante? Dê-me o significado. Desconheço...
Incredulidade póstuma desse respirar em busca de mais oxigênio no vento, no armário, em mim. Mobília pedindo um jarro com lírios encantantes e um pouco do frescor da primavera. Constância amarga e rua longíngua, sem curvas, sem ao menos buracos, sem pedra. Quero a artéria inquieta, o olhar instigado e compenetrado, o tremer depois do susto.
Colorir o que já está tão cinza, borrar com inocência e coragem as horas com, somente, seus contornos.
Experimentar gostos lacrados...Ahh, o prazer de experimentar.
Passear nas esquinas e avenidas de qualquer imaginação, sentir saudade do futuro (senti-lo). Cuspir o ar em uma corrida sem destino e comer sem se preocupar com a fome, amamentar sem se preocupar em crescer. Abraçar o tempo e aquecer-me.
Tempo esse que pode ser brincadeira, tempo que é divertimento, brinquedo... Pular em suas frações com vontade de mais, correr em suas passadas com sorrisos e luzes, passeando... Só passeando comigo mesmo, onde me vejo companhia.
E com as nuvens montar tudo de novo, os cavalos, as casas, os sonhos, todos eles, novamente... E principalmente, acreditar.
Acreditar que ainda pode existir um momento infinitamente subjetivo, supra-surreal, novo, onde eu volte aos meus novos 12 anos.


Dedico ao poeta que , assim como eu, não queria pintar os cabelos...

4 comentários:

  1. thanks dear. Come back whenever you want!

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  2. Anônimo28/7/10

    sei q sou leigo na arte de escrever...
    mas vc tem pequenino fã !
    harrison

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  3. E quem disse que ter coração é ser pequenino? (Agradeço meu querido amigo sempre presente).

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  4. Anônimo18/8/10

    Se um dia serás o que já foi... é uma desta interrogações atemporais, mas independente da resposta, continue seus passeios eles te levarão à frente e se a vida é um ciclo o fim pode ser o início, senão for a jornada ainda sim parece valer a pena...

    Seu amigo designer

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Mais alguns minutos expostos...